“Chá de Galinha Pintadinha” serve para acalmar e educar crianças?

Psicopedagoga analisa pontos negativos e positivos no uso de audiovisuais na infância

Adrian Busch

Há anos, discute-se sobre a influência, os benefícios e os malefícios da televisão para as crianças. Conforme os aumentos do público, os programas infantis foram se desenvolvendo e tornando-se cada vez mais educativos, introduzindo o alfabeto, os números, as cores e instigando um melhor relacionamento social, mas na mesma medida, o acesso a essa ferramenta para entreter os pequenos e mantê-los comportados pode tornar-se um fator negativo para integração e o psicológico dos pequenos.

Cristiane Barbalho, 33, mãe da Valentina de 2 anos, concorda com o valor educacional da programação infantil. “Algumas músicas da Galinha Pintadinha fazem referência ao alfabeto, aos números, e a ajudaram muito a contar até 10 e a identificar as cores, mas ela recebe outros estímulos pra isso, acredito que a música sozinha não a ensinaria.” A mamãe diz que percebe que a filha também entende as mensagens passadas pelas historinhas do cotidiano. “As vezes faço referencia ao desenho e percebo que ela para e reflete. Por exemplo, quando ela não quer tomar banho, digo a ela que a
Peppa toma banho, aí ela aceita.”

Esse caso, ilustra o aspecto positivo dos audiovisuais na fase de formação. A Psicopedaga Ana Paula Miranda afirma que não há problemas em fazer esse tipo de comparação “A criança gosta daquele mundo do desenho, é importante ressaltar os aspectos positivos retratados para que se espelhem.” Ela aponta também que pode ser uma ferramenta para implementar uma alimentação saudável, dentre outras coisas. Entretanto, é imprescindível que os pais saibam que tipo de programação seus filhos estão tendo acesso, pois da mesma forma que são influenciados a fazerem coisas boas, o contrário também pode ocorrer.

Em fevereiro deste ano, a Galinha Pintadinha bateu a marca de 1 bilhão de visualizações no Youtube, onde os acessos dois vídeos mais visitados estavam na média de 1milhão e meio. Não é difícil saber o porquê de tanto sucesso. É notório o descontrole no uso indiscriminado desses artifícios para distrair os pequenos, ainda mais em uma época que os programas não precisam da TV para serem assistidos.Ana Paula Miranda contou que está atendendo mais de um caso de crianças a cima dos 3 anos que não conseguem se relacionar, falar ou brincar, pois não foram estimulados a outra atividade se não a de telespectador. Apesar do cunho educativo, alguns responsáveis utilizam o recurso como forma de “calmante” para os filhos, e acabam deixando-os reclusos da sociedade. O próprio site comemorou o número com a seguinte frase “Parabéns, Galinha Pintadinha, por deixar as crianças quietinhas 1 bilhão de vezes!”. Essa colocação reavivou o debate sobre a real função dos programas infantis.

Os celulares e tablets transformaram essa diversão em algo móvel e acessível. É comum vermos na rua crianças com o olhar fixado em seus aparelhos. Há no mercado tablets temáticos com a programação da Galinha Pintadinha, o que estimula a visualização continua. Os especialistas apontam que mais de duas horas em frente à tela podem causar diminuição na capacidade de atenção e seu uso ilimitado restringe a pessoa de ações importantes principalmente na fase de formação.

A psicopedagoga não descarta o meio, e acredita que pode ser usado como estimulo positivo, desde que usado com monitoramento de adultos, tempo estipulado e aliado à outras atividades, principalmente que a coloquem em convivência com personagens da vida real.