A psicologia no tratamento do câncer em mulheres

O trabalho do psicólogo é essencial para enfrentar as etapas do processo de diagnóstico e tratamento da doença

Tayná Bandeira

O dia 04 de fevereiro é considerado o Dia Mundial de Combate ao Câncer.  É um dia especial para chamar atenção sobre a incidência, a prevenção e o tratamento de todos os tipos da doença. Também a cada ano, no mês de outubro dedicam-se esforços à difusão de informação específica sobre o câncer de mama. Outubro se tornou emblema da luta e prevenção contra o câncer de mama em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial da saúde (OMS), a doença é a maior causa de mortes entre as mulheres e fica em quinto lugar quando mencionado em dados gerais.

O Outubro Rosa é um importante movimento de divulgação de informações sobre a doença. Desde 2002, monumentos e instituições públicas são iluminadas com a cor rosa como maneira de chamar a atenção das pessoas e visar à informação e prevenção contra o câncer. Ao iluminar os edifícios de rosa, uma linguagem visual é formada e compreendida em todos os lugares, por todos os cidadãos.

A mulher pode fazer o autoexame em casa, mas não substitui o exame feito pelo médico. Para uma análise mais concisa, o médico precisa ver a mamografia (radiografia das mamas). Caso seja detectado algum nódulo suspeito, o especialista pedirá outros procedimentos clínicos. Quando o exame dá positivo, se inicia o tratamento. Se diagnosticado precocemente, as chances de cura são mais de 80%.

Além dos cuidados oncológicos específicos, é importante também lembrar do acompanhamento psicológico do paciente. A professora do Departamento de Psicologia da UFRRJ Luna Rodrigues explicou sobre a responsabilidade do médico a cada etapa, desde a descoberta até a cura. “É fundamental que o paciente tenha acesso às informações daquilo que ele está vivenciando. A forma como o diagnóstico vai ser dado fará muita diferença na maneira como a mulher vai interpretar o que está acontecendo com ela. O médico precisa dar um espaço para a reação dessa mulher.”, disse a professora. Nesse contexto, a participação de um psicólogo é essencial. “O acompanhamento de um psicólogo especializado em saúde é muito importante nesse processo de recuperação. A psicologia prioriza a escuta do paciente, mesmo em contextos que ocorram tratamentos muito específicos, como a quimioterapia”, explicou Luna Rodrigues.  Como muitas vezes as mulheres se sentem afetadas também em relação à aparência e à identidade feminina, a professora diz que  “Um processo terapêutico é importante para que essa mulher elabore o que aconteceu com ela e possa falar sobre essas questões. Existem psicólogos que trabalham com o contexto hospitalar e existe uma área que é a psicooncologia, que é dedicada a esse tipo de especialidade”, comentou.

A professora Luna Rodrigues diz que é possível e muito importante para o tratamento do câncer um diálogo entre paciente e especialista. “Um passo fundamental do nosso trabalho é que antes de tentar dar qualquer tipo de solução é necessário reconhecer o sofrimento do outro. Porque não é uma experiência fácil, mas também não é incompatível com a vida.”

Celeste Conceição de Carvalho descobriu a doença aos 56 anos, em 2010. O câncer foi diagnosticado precocemente, fez o tratamento adequado e hoje está curada. “Quando descobri que tinha câncer fiquei bem chocada, mas reagi bem. O médico disse pra mim que eu precisava me cuidar, que ficaria curada e me deixou a vontade, foi realista”, disse. “Quando vi que venci o câncer me senti aliviada. Estou sempre me cuidando, faço o acompanhamento médico com mamografia e ultrassonografia das mamas .”
Ela venceu o câncer e manda um recado para as mulheres que estão passando por esse processo tão complexo: “O conselho que daria para as mulheres que descobrirem o câncer é de tentar não ficar triste. Hoje em dia, os avanços da medicina estão a nosso favor.”

É indispensável ir ao médico regularmente e fazer exames de rotina para se cuidar.  Outubro é o mês oficial do combate ao câncer, mas a prevenção contra a doença deve acontecer o ano inteiro. Para informações sobre o câncer de mama e outros tipos de câncer, procure canais como o Instituto Nacional do Câncer e Fundação do Câncer.