Rural sem Fronteiras

O Ciência sem Fronteiras é oportunidade para ampliar conhecimento e cultura

Gustavo Carvalho

Válber Laux em TU,Dortmund ()/Arquivo pessoal

Válber Laux, em Technische Universität Dortmund /Arquivo pessoal

Em dezembro de 2011, o Ministério da Educação (MEC) divulgou o  Ciência sem Fronteiras (CsF), programa que oferece bolsas de estudos em universidades e centros de pesquisa do mundo com o objetivo de promover a expansão e internacionalização da ciência e da tecnologia brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) aderiu à proposta do MEC e vem colhendo frutos de sua implantação entre os estudantes de graduação da Rural.

Os destinos são os mais variados e, desde o início, cerca de 400 alunos da Universidade conseguiram a bolsa para estudar no exterior. No primeiro ano, apenas oito graduandos ingressaram no programa, um vago esboço do que viria a ser no futuro. A partir de 2012, houve uma guinada na repercussão e integração do projeto na instituição, pois foram 97 alunos beneficiados. No ano seguinte, 144. Em novembro de 2014, 170 ruralinos estavam fora do país.

Um novo mundo de oportunidades, experiência e aprendizagem se abre ao conviver e lidar com outras culturas. O estudante tende a viver diferente e associar o que se conquista lá fora com o que tem aqui, alargando seu pensamento e visão, tanto pessoal quanto profissionalmente.

A professora de Licenciatura em Letras, do Departamento de Letras e Comunicação, da UFRRJ, e vice-diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), Maria do Rosário Roxo, é otimista ao analisar a oportunidade dada aos alunos de graduação e as mudanças que o ele passa com essa experiência: “É um avanço que não se vê por inteiro no presente, mas sim a longo prazo. Eu acredito numa mudança que vem de dentro para fora, de um espaço ou de um grupo pequeno para um maior. Acho que, a curto prazo, é mais perceptível quando o aluno volta. Há algo de diferente nele, e as pessoas vislumbram isso. A maioria passa a pensa em fazer mestrado ou viver no exterior. Hoje, até a maneira de lidar com as coisas da vida, aqui, já mudou. Quero dizer, ele se situa no mundo, tem uma vivacidade diferente.”

A expectativa quanto aos resultados do Ciência sem Fronteira é grande. Tanto os contemplados, quanto os professores e os gestores procuram formar um canal em que a mensagem é voltada para a melhoria da sociedade e de si mesmos.

O estudante Valber Laux, do 7º período de Ciências da Computação está em Dortmund, cidade ao norte da Alemanha até março de 2015. Segundo ele, é uma experiência completamente diferente, pois viver em outro país muda a visão de turista, que fica algumas semanas, conhece os pontos turísticos do lugar e vai embora. Para escolher a universidade de destino e montar o programa de estudos, ele argumenta que os critérios devem ir além de pensar em viver em uma cidade grande ou de estudar em uma universidade bem colocada em rankings educacionais. “Sem dúvidas uma instituição bem reconhecida e uma cidade que tem bastante a oferecer são importantes, mas ter apoio da instituição, assim como se sentir bem, são fundamentais. Enquanto fazia minha escolha, conversei com pessoas de várias partes da Alemanha e apenas depois de me informar sobre os programas oferecidos para alunos internacionais, estrutura da universidade, organização do curso e oferta de disciplinas, me decidi”.

Jessíca Mazza, em Florença/Arquivo Pessoal

Jessíca Mazza, em Florença/Arquivo Pessoal

O intercâmbio foi um desafio do início ao fim para Jéssica Mazza, estudante do 8º período de Jornalismo da Universidade Rural, que participou do CsF no ano de 2012. Primeiro, ela não poderia entrar no programa devido à área do seu curso. Segundo, não tinha experiência sobre como lidar com as escolhas e o idioma falado em Florença, na Itália, onde escolheu estudar. Depois de superado os obstáculos, a estudante conta que estudou bastante, fez amizade com pessoas de toda parte do mundo e aprendeu um pouco com cada um deles, e que a experiência foi importante para a futura jornalista. “Nessa profissão, precisamos saber de tudo um pouco e quanto mais conhecimento, melhor. Sem contar que quanto mais você estuda, lê, conhece e aprende mais você aprimora seu olhar crítico”, reflete Mazza.

Ambos os alunos são irredutíveis ao dizerem que tudo depende apenas de você, do seu esforço, seu foco, sua frequência e sua prática em exercitar o que se aprende.

Reforçando o que foi dito pela professora Maria do Rosário, Valber Laux conta como a viagem vem expandindo seus horizontes: “Conviver com outras culturas abre a mente, faz enxergar o mundo de outra forma, a respeitar as diferenças. Só isso já te faz um profissional melhor, criativo, mais preparado para as adversidades, mas também mais humano. Ao mesmo tempo, estar em uma universidade de qualidade, com pesquisas de ponta e bons professores é algo que sem dúvidas contribui para a sua carreira”.

Questões técnicas do programa – Segundo o Coordenador de Mobilidade Acadêmica da UFRRJ, Márcio de Morais Lopes, até hoje o único problema relatado é quando o estudante retorna e precisa fazer equivalência entre as disciplinas cursadas no exterior e as do curso de origem. “O certo da mobilidade é o aluno ir com a autorização das equivalências referentes às disciplinas que seriam feitas na Universidade, para poderem ser reaproveitadas. Muitos estudantes foram sem fazer isso previamente e só as escolheram quando estavam na instituição de lá, o que dificultou para que conseguissem essa equiparação. Por essa razão, eles tiveram que fazer a matéria aqui depois, porque muitos foram para destinos que não tinham nada a ver com o conteúdo programático do curso de origem”, alerta Lopes.

O aluno que estiver interessado em participar do CsF deve ler o edital, fornecido nas chamadas financiadas com recursos da CAPES, do CNPq e de empresas parceiras. Atendendo aos requisitos existentes, pode se inscrever. Caso obtenha êxito, a Pró-reitoria de Graduação (Prograd) o homologa e este estudante passa para a próxima etapa do processo seletivo. Nela, ele será analisado pela coordenação do programa, porém, em âmbito nacional.

Para saber mais do projeto na Rural, clique em: Programas de Mobilidade/UFRRJ