Revolução em pequenas medidas

Nanotecnologia impulsiona avanços na medicina e apresenta grandes projetos para o futuro

Rodrigo Cabelli

Robôs minúsculos capazes de detectar e curar uma doença dentro de sua corrente sanguínea. Cena de ficção científica? Com o desenvolvimento da nanotecnologia estamos mais próximos disso do que nunca. Esse conceito foi criado pelo físico Richard Feynman. Após mais de 50 anos de estudos sobre a capacidade de manipulação de átomos e moléculas, essa área já ganha dimensão de realidade nos dias atuais.

Para saber mais sobre o assunto, conversamos com o mestrando em engenharia da nanotecnologia pela UFRJ Erick Lorenzato, que nos falou sobre os avanços impressionantes que essa tecnologia está permitindo e a capacidade de expansão do setor. Ele nos explicou que micro equipamentos surgiram representativamente no mercado, solucionando problemas inviáveis aos aparelhos maiores. “Esse tipo de tecnologia está presente em muitas áreas e com vários tipos de atuação”, explica Lorenzato.

O desenvolvimento de tecnologias com os nanômetros – medidas mil vezes menores que uma cabeça de alfinete – estão permitindo os mais diversos avanços em diferentes áreas da ciência. Em meio a uma grande expansão, o setor medicinal é um dos principais favorecidos e já conta com resultados positivos.

aplicações nanomedicinais / Foto:  Concept Medicals

aplicações nanomedicinais / Foto: Concept Medicals

Segundo Lorenzato, o trabalho com medidas inimagináveis ao olho humano é o sonho de consumo de qualquer cientista, permitindo aos profissionais desenvolver projetos muito interessantes. A indústria farmacêutica recebeu uma forte influência com o advento da nanotecnologia. Já estão em desenvolvimento remédios que controlam suas doses dentro do organismo do indivíduo (drug deliver) e até tratamentos com partículas de ouro para combater o Câncer e diversos vírus com forte poder de multiplicação, como o Ebola.

Se o presente da ciência tem como grande impulsor a nanotecnologia, o futuro dela será propriamente essa área e seus desenvolvimentos. Com isso, um microequipamento ganha forte poder: o lab-on-a-chip. Estes dispositivos já existem em estágio inicial e possuem a função de “realizar testes de diagnóstico rápido, o que é muito útil quando alguém tem uma doença que tem um curto cronograma para ser tratado” de acordo com Mark Morrison, CEO do Instituto de Nanotecnologia de Stirling, em entrevista ao The Guardian, no Reino Unido.

nano lab on a chip 1

Lab-on-chip feito de vidro. Foto: Polymer Solutions

nano lab on a chip 2

Esquema de lab on a chip. Fonte: Polymer Solutions

Mesmo que as complexidades da área ainda sejam estudadas, já existem diversos motivos para o grande investimento. Além das possibilidades inovadoras de manipulação, essa tecnologia tem como benefícios a baixa taxa de resíduos (diminuindo a poluição), melhor controle de processos e a resposta rápida e automatizada. O governo brasileiro deve atingir a marca de 1,5 trilhão de dólares até 2015 nesse setor, segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, e já existem cursos que visam formar profissionais para esse meio, tais como o curso de engenharia de nanotecnologia da UFRJ, criado em 2009.
Projetos mais ousados, tais como os nanorrobôs citados no início da matéria, ainda estão em processo inicial de desenvolvimento. Entretanto, a maioria dos sistemas que apresentamos estão em período de testes e alguns já são comercializados. Com o desenvolvimento de pesquisas e a intensa exploração desse meio, esses pequenos dispositivos de grandes resultados irão avançar ainda mais no progresso mundial.