Pesquisas eleitorais como fator de decisão de voto

Flávio José Barbosa Júnior

Ano de 2014. Mais uma vez o cidadão tem o direito ao voto. Para que ele possa ter uma decisão consciente e escolher os candidatos por identificação, seja por propostas, seja pela personalidade, ele precisa estudar as intenções e histórico exposto no plano de governo. Neste contexto aparecem as pesquisas eleitorais. Na verdade, elas se multiplicam.

Ibope e Datafolha se destacam como os institutos de pesquisa mais conhecidos no Brasil. Mas também existem outros, até mesmo os que favorecem descaradamente um ou outro candidato. Nas eleições para presidente entre Dilma Roussef e Aécio Neves, foi possível observar tendências nos resultados das pesquisas de opinião. De acordo com o Vox Populi, a candidata Dilma Roussef estava com 48% dos votos totais enquanto Aécio Neves aparecia com 41%. Já o Sensus destacava o tucano com 52,1% e a petista com 47,9. A divulgação desses dados aconteceu no sábado, 25 de outubro, um dia antes das eleições para o segundo turno. E então, em quem acreditar? Será que há influência sobre os eleitores? Como confiar na sua veracidade?

Em entrevista ao Agenotic, o professor de ciências políticas e coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Vladimyr Lombardo Jorge analisa a relação entre as pesquisas eleitorais e a decisão de voto. Para ele, os cidadãos que podem se deixar levar pelas pesquisas são aqueles que ainda não possuem candidato. “Os eleitores indecisos são os mais influenciáveis. Os que já decidiram por um candidato dificilmente vão mudar seu voto”.

O cientista político alega que uma boa saída para decisão do voto é buscar meios alternativos de divulgação. “Se há fontes alternativas de informações, o eleitor pode comparar os dados que tem a sua disposição. Ele pode, inclusive, perceber a diferença entre a informação que os meios de comunicação (jornais e horário gratuito de propaganda eleitoral) estão fornecendo com sua experiência pessoal de vida”.

Margem de erro em 2010 e 2014
Em 2010, nas eleições para presidente, a Revista Época chamou de “Muito além da margem de erro” o resultado das pesquisas. O Datafolha e o Ibope foram responsáveis pela disparidade de margens de erro, sempre oscilando, e mesmo assim, multiplicando pesquisas eleitorais. Na ocasião, o também cientista político, Jairo Nicolau apresentou uma reflexão sobre os impasses. “Se os institutos erraram até na pesquisa que entrevistou quem acabou de votar, será que não estavam errando o tempo todo?” De acordo com Jairo Nicolau, naquela entrevista à Época, os institutos não conseguiam captar a real intenção dos eleitores o que para ele, era grave.

Quatro anos depois, parece que o problema está longe de ser resolvido, afinal  95% de confiabilidade se mostraram bem menores no ato da apuração dos votos válidos. A última pesquisa do Ibope, antes da eleição final do segundo turno, trazia Dilma Roussef com 53% e Aécio Neves com 47%. O Datafolha constatou 52% para Dilma e 48% para Aécio. Já na apuração, a petista foi reeleita com 51, 64% e Aécio ficou em 2º lugar com 48,36%, pouco mais que a margem de erro de 2 pontos percentuais tão faladas das pesquisas.

O professor Lombardo afirma que, se há erro metodológico nas pesquisas, os institutos precisam rever urgentemente sua metodologia a fim de evitar danos futuros. Até porque esses transtornos são ruins para a imagem dessas empresas. Além disso, ele não acredita que o objetivo primordial das pesquisas seja levar os eleitores a votarem naqueles que têm mais chances de vencer, ele vê as pesquisas como uma das fontes de informação, apesar de admitir que elas possuem sua própria influência.

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