Projeto conscientiza população sobre a preservação das abelhas

Texto: Julio Salles

Fotos: divulgação

Moradores da Costa Verde recebem informações do projeto

Elas normalmente não são bem quistas e causam pavor às pessoas. A simples presença de uma gera incômodo em quem estiver próximo. O temor às abelhas, entretanto, é infundado quando os insetos são da subfamília dos meliponíneos, gênero que não possui ferrão. Visando promover a conservação e proteção destes espécimes, além de propor uma atividade sustentável, capaz de gerar renda extra a diversas comunidades da Costa Verde, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro criou o projeto Abelha Natureza.

Iniciado em 2004, o programa é coordenado pela professora Maria Cristina Lorenzon do Instituto de Zootecnia da UFRRJ. As atividades também contam com a colaboração de docentes, alunos e bolsistas dos departamentos de Veterinária e Agronomia da universidade.  “A ideia do projeto é posicionar a Universidade Rural para atender mais significativamente a demanda apícola em nosso país, principalmente no nosso estado, seja em pessoal especializado ou em novas tecnologias. O Rio de Janeiro é um dos maiores consumidores de mel do país, negociando aproximadamente 1500 toneladas por ano. A procura é maior do que a oferta na região, que produz cerca de 400 toneladas anuais”, afirma Lorenzon.

Ações iniciais: Uma das primeiras atividades do projeto foi realizada há 8 anos, na Ilha Grande, na Costa Verde do estado. Havia no local grande incidência de abelhas silvestres pouco conhecidas, dentre elas diversos espécimes sem ferrão. Após um ano mapeando a região e catalogando suas flores e insetos, os pesquisadores iniciaram um trabalho de conscientização da população sobre a importância ambiental dos espécimes. Por meio de painéis, cursos, artigos divulgados na mídia local, palestras em escolas e diversas outras atividades, os moradores vislumbraram na preservação das abelhas uma forma de manutenção da fauna e flora local. Mais do que isso: a população podia ensejar nestes pequenos gestos uma boa oportunidade para renda extra através do mel produzido nas criações artesanais.

O projeto tem presença marcante nas escolas locais.

“Conscientizar a população foi uma prioridade do projeto. Tivemos a cautela de alertar os moradores da existência dessas abelhas sem ferrão, pois o senso comum é de que todas as espécies são assassinas”, explica Lorenzon. A professora também destaca como importante a percepção de que, independente do estabelecimento das colmeias para obtenção de renda, a preservação das abelhas é a parte mais fundamental do processo. Os insetos podem ser utilizados como bioindicadores, fornecendo sinais rápidos de degradação ambiental, mesmo antes do homem perceber sua ocorrência e amplitude.

Os esforços do “Abelha Natureza” visam, antes de tudo, apresentar alternativas para o desenvolvimento ecologicamente correto, que demanda pouco investimento e não agride o meio ambiente. Além deste comprometimento com o engajamento ambiental, o projeto almeja integrar laboratórios, pesquisadores de vários departamentos, estudantes para atender a análises de perfis, criar novas tecnologias, capacitar produtores, oferecer cursos de extensão, promover eventos, viabilizar projetos, entre outras metas relacionadas à apicultura. O programa já mantém parcerias consolidadas com a Fiocruz, Seapec, Mapa, Pesagro-Rio, Sebrae e Sescoop.  Por meio destas alianças foram aprovados mais de oito projetos na Faperj e CNPq, somando mais de 600 mil reais em pesquisa e extensão.