Dietas “malucas” prejudicam a saúde

Andreza Almeida

Muitas pessoas na procura por um corpo ideal recorrem a dietas. Às vezes, inventadas por elas mesmas . Mas os especialistas advertem: Além de causarem riscos à saúde, essas dietas também podem ser frustrantes. Isso porque com o fim do regime a pessoa geralmente volta ao peso anterior. Por isso, nada de exageros: bons hábitos alimentares e exercícios físicos são as melhores ações para beneficiar o corpo

Entrevistamos pessoas que fizeram dietas “malucas” e especialistas que nos contam como funcionam esses regimes e dão dicas de como emagrecer de maneira saudável.

De olho nos morcegos

Laboratório do Instituto de Biologia da Universidade Rural pesquisa comportamento de morcegos no Rio de Janeiro e Minas Gerais

Victor Sena

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Imagine a cena: cinco ou quatro pesquisadores, no meio do mato, estendendo redes de nove metros de comprimento nas árvores, ao pôr-do-sol. É desta maneira que os membros do Laboratório de Diversidade de Morcegos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) capturam as espécies para verificar como é a população desses animais. O Laboratório, coordenado pelo professor Carlos Esberárd, retira amostras de oito locais diferentes por ano. No ano passado, um dos pontos foi o Vale do Rio Sahy, em Mangaratiba (RJ). Para saber o número de espécies que ocorrem ali, os pesquisadores precisam recolher mil indivíduos. Na  XXIV Jornada de Iniciação Científica da Universidade Rural, o grupo apresentou os resultados de suas rondas de 12 horas em volta das redes: 28 espécies de morcegos são encontradas no Vale.

No fim do dia, os grupos começam a armar as redes. Geralmente, são instaladas perto de espelhos d’água e bloqueando trilhas, por onde os morcegos costumam passar. Uma das bolsistas do Laboratório, Bruna Xavier, estudante de Biologia na UFRJ, 7º período, costuma ir a campo. Com os colegas, colocam as redes em duas horas. “Quando começa a anoitecer, a gente inicia a ronda. Se tem três pessoas, cada um fica responsável por quatro horas de ronda. De 15 em 15 minutos, a pessoa vai para rede, coleta e depois volta. Colocamos os morcegos em saquinhos de pano, com as mãos protegidas por luvas grossas. Tem noites que caem mais de 100 bichos”, relata a estudante.

Os animais são retirados da rede assim que ficam presos. Começa, então, o processo de triagem. Medem o antebraço, pesam, identificam as espécies, retiram os parasitas. Os ácaros, carrapatos e pequenas moscas dos morcegos também são objetos de estudo do laboratório. São as pesquisas relacionadas aos hectoparasitas. Com a coleta, é possível encontrar informações para pesquisas diferentes. O Laboratório, além de estudar a riqueza de espécies do local e os parasitas dos animais, também tem pesquisas sobre a reprodução, atividade, diversidade.

“A área em que eu queria trabalhar era a ecologia. No projeto, estudamos a relação do morcego com o ambiente”,  disse Bruna Xavier, que pesquisa a variação das espécies ao longo das altitudes. “Estou pegando uma faixa do Rio para Minas. Vamos subindo e coletando. Há outros projetos também relacionados a altitude. Dá para verificar várias coisas: a variação do parasitismo, como é a atividade deles.”

Segundo o professor Esberard, a conclusão sobre essa variação de altitude que Bruna estuda é a seguinte: a cada 400 metros, é “perdida” uma espécie. “A serra, por ser mais fria, com ambiente mais limitante, é mais difícil para as espécies. No nível do mar, identificamos 28 espécies, 22 a mil metros e 17 espécies a 1500 metros”, explica o pesquisador.

O laboratório instala redes em cinco pontos com variações de altitude: do Vale do Sahy até Aiuroca (MG), passando por Itatiaia (RJ). “A gente marca o bicho quando solta. Então, temos recapturado animais em pontos diferentes daquele em que foi capturado. Eles vão do litoral até a serra, migram para a serra no inverno e voltam para o litoral no verão, como a gente faz”, disse, com bom humor, o professor Esberárd.

Espécies raras –  No Vale do Sahy, espécies raras foram coletadas. O Macrophylum macrophylum só existe em quatro localidades no Rio de Janeiro. A espécie Thyropthera tricolor, que tem ventosas nos dedos e mora dentro de bananeiras, é difícil de capturar, porque tem um sonar bom o suficiente para não perceber a rede.

O Laboratório também já descreveu espécies desconhecidas. Em 2013, uma delas recebeu o sobrenome do ex-reitor Adriano Lúcio Peracchi, que também trabalha com morcegos. A espécie se chama Lanchopylla peracchii. A espécie se alimenta de néctar e ocorre no sul de São Paulo, em todo o estado do Rio e no sul do Espírito Santo.

“Depois de uma amostra boa, comparamos com outras espécies e vimos que ela era diferente. A experiência diz tudo. Quando ficamos em dúvida, a gente traz para ser identificado aqui. Aí, ele começa a fazer parte da coleção de morcegos. Olhamos o tamanho, cor do pele, orelha. Aí, rapidamente chegamos ao gênero, depois a espécie. Normalmente, um ou dois de cada espécie são sacrificados no local para fazer parte da coleção”,  explica o professor Esberárd.

Além dos pontos em continentes, o Laboratório também pesquisa a riqueza de espécies em ilhas. Como elas têm uma área menor e são isoladas, os pesquisadores esperavam menos espécies do que foi encontrado. “Vimos que não é assim. É a história da ilha que determina quantas espécies ela terá. Na Ilha da Gipóia, em Angra dos Reis, esperávamos no máximo 20 espécies. Ela tem 33”,  disse o professor.  “Em vários locais com degradação ambiental, percebemos um número de espécies menor. Em Valença, está abaixo do que esperávamos. É uma mata de apenas 600 hectares, cercada de muito pasto”.

No câmpus Seropédica da Universidade Rural, os pesquisadores também colocam redes. A região de Itaguaí e Seropédica são um dos cinco pontos do estado. Já foram identificados 35 espécies na região. Por ter pouca mata atlântica preservada, há mais morcegos insetívoros do que frutívoros voando pela Universidade.

Microalgas nocivas à saúde são encontradas em Araruama

Esses seres formados por apenas uma célula podem produzir toxinas capazes de levar à morte

Gian Cornachini

A estudante de Ciências Biológicas Juliana Souza de Oliveira, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), divulgou uma pesquisa em que afirma ter identificado espécies de microalgas nocivas à saúde humana e ao meio ambiente na Lagoa de Araruama, no norte-fluminense. O trabalho, intitulado “Ocorrência de microalgas potencialmente nocivas identificadas na Lagoa de Araruama, na região de Iguaba Grande, na estação de verão”, foi apresentado na II Reunião Anual de Iniciação Científica da UFRRJ, em 2014. A pesquisa surgiu na universidade a partir do doutoramento em Ciência e Tecnologia de Alimentos de Thatiana da Paz, concluído em abril do ano passado, que propôs a identificação desses seres produtores de toxinas na Região dos Lagos.

Mapa da Lagoa

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De acordo com o relatório da estudante, das mais de 5000 espécies de microalgas conhecidas, 90 são capazes de produzir toxinas que representam riscos à fauna e flora de ambientes aquáticos, podendo acarretar na morte de animais marinhos e envenenamento de pessoas que os consomem. A partir de amostras de água colhidas na Lagoa de Araruama, a estudante está quantificando a presença da microalga da espécie Prorocentrum, um ser unicelular que pode produzir toxinas que acabam sendo filtradas, principalmente, por moluscos. Se elas estiverem presentes em uma concentração superior a 45 microgramas por 100 gramas de carne desses animais, a ingestão por humanos acarretará em uma intoxicação com sintomas de diarreia e vômito, podendo levar à morte.

“O Prorocentrum produz o ácido ocadáico, que se for ingerido a partir de um alimento que tem essa toxina, há chances de a pessoa morrer, ainda mais porque o médico acaba tratando o caso como uma virose, e não diretamente a toxina”, explica Juliana. “E também tem o problema de que não adianta cozinhar o animal, porque a substância não quebra com alta temperatura”, aponta ela.

Microalgas

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Apesar de ter sido identificada a presença dessas microalgas na lagoa, o estudo não é capaz de afirmar se elas estão produzindo as toxinas, como afirma a professora Gesilene Mendonça de Oliveira, do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFRRJ e orientadora da pesquisa: “Existe um mecanismo de produção dessa substância que a própria comunidade científica desconhece, e que vai depender da temperatura da água, se há muita incidência de luz solar e acúmulo de matéria orgânica”, observa a professora.

No entanto, há o consenso de que o aumento da população de microalgas pode indicar a produção das toxinas, e o boom desses seres também está atrelado à degradação das águas provocada por humanos: “A partir do momento em que o homem polui as águas, ele tem culpa”, ressalta Gesilene de Oliveira. “Há despejo de esgoto doméstico e industrial na Lagoa de Araruama. A concentração de nutriente na água aumenta, e se tiver luz e temperatura adequada, pode acontecer a proliferação das microalgas”, lembra ela.

Juliana AmostrasSegundo Juliana de Oliveira, a pesquisa tem caráter fundamental para chamar a atenção sobre os riscos de comercializar moluscos e outros pescados provenientes de águas sem monitoramento. Ela afirma que o Ministério da Pesca e Agricultura (MPA) e as empresas distribuidoras dos pescados fazem a análise dos animais apenas após a pesca, mas ressalta que as medidas de segurança devem começar desde o habitat das espécies: “Os laboratórios observam apenas a umidade dos animais e a presença de fungos e bactérias. O problema é que a presença das toxinas não será identificada nos peixes e moluscos depois que elas estiverem na carne deles. E se eles não analisarem a água antes, essas substâncias podem chegar na cadeia final e intoxicar a gente, sendo que isso poderia ter sido impedido lá no começo”, lamenta a estudante.

Ainda que a análise de todo o processo seja a melhor opção para evitar o envenenamento, a orientadora Gesilene de Oliveira lembra que o acesso aos laboratórios precisa ser mais democrático, pois pescadores artesanais que trabalham por conta própria não têm condições financeiras de submeter seu pescado aos testes: “Depois que o governo lançou as instruções normativas para a comercialização do pescado, criou-se um gargalo para muitos maricultores e pescadores. Eles precisam do atestado para ter o produto liberado, mas o pescador artesanal não tem o dinheiro que grandes empresários têm para conduzir esse processo e certificar a produção, e aí eles acabam se sentindo na ilegalidade”, afirma a professora. “O MPA precisa estar trabalhando nisso para que essas demandas sejam resolvidas”.

Lampião da Esquina: inclusão ou segregação?

Pesquisa sobre jornal LGBT do fim dos anos 70 observa abordagem pejorativa sobre travestis, transexuais e homossexuais afeminados

Victor Ohana

Lampião da Esquina chamava gays afeminados de “agressivos”

Lampião da Esquina chamava gays afeminados de “agressivos”

Humanismo igualitário garantido por lei. Esse foi o discurso que fez nascer o jornal “Lampião da Esquina”, no ano de 1978, em plena ditadura militar. O veículo alternativo, voltado para o público LGBT da época, foi tema de artigo científico na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, elaborado pelo doutor em História Cultural Fábio Henrique Lopes e pelo estudante de Ciências Sociais Nathan Rubio. Na pesquisa, intitulada “Dizibilidades travestis: imagens e enunciados na imprensa”, eles utilizaram o jornal para investigar a construção social e cultural da travestilidade. O trabalho é a primeira parte de um projeto de pesquisa mais amplo do professor Fábio Lopes chamado “Sim, elas envelhecem – Gênero, violência e velhice nas experiências travestis do Rio de Janeiro”. O primeiro trabalho do projeto foi vencedor do prêmio de menção honrosa na XXIII Jornada de Iniciação Científica da UFRRJ, evento realizado em outubro de 2014.

O jornal surgiu em 1978 após o incentivo do editor da revista homossexual americana Gay Sunshine, Winston Leyland. O conselho editorial era formado por 11 intelectuais, entre eles Agnaldo Silva, hoje escritor de novelas da Rede Globo, e Darcy Penteado, famoso artista plástico da época. Sem fins lucrativos, o Lampião teve circulação inicial de aproximadamente 10 a 15 mil exemplares, principalmente nas capitais São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis e Recife. O veículo totalizou 38 edições e só durou até 1981. No conteúdo, os leitores podiam encontrar notícias, reportagens, histórias, imagens, depoimentos, eventos sociais, bailes e shows de travestis. No início, o veículo representava a conscientização de um humanismo sem diferenças, a luta pelos direitos sociais garantidos por lei e a retirada do gay das margens sociais. Além disso, o conselho editorial se preocupava em dar espaço a grupos minoritários como negros, índios e mulheres. Mas, segundo o pesquisador Nathan Rubio, 21 anos, o tratamento dado a travestis nas matérias não era inclusivo.

“Não se falava tanto em travesti, pelo contrário. Quando falava, o jornal utilizava certo tom pejorativo, com uma conotação de superioridade, querendo dizer que o sujeito travesti vai viver sempre como uma pessoa frustrada, porque quer ser mulher e nunca vai ser mulher. Parecia que o jornal tinha sim cunho LGBT, mas era um veículo que pretendia criar e divulgar certa padronização da homossexualidade, difundir uma imagem única do que é ser homossexual no Brasil no período da ditadura militar”, observa Nathan Rubio.

Estudante de Ciências Sociais Nathan Rubio recebeu certificado de menção honrosa por trabalho apresentado na XXIII Jornada de Iniciação Científica da UFRRJ

Estudante de Ciências Sociais Nathan Rubio recebeu menção honrosa na XXIII Jornada de Iniciação Científica da UFRRJ

Um dos casos pesquisados pelo bolsista de iniciação científica diz respeito à abordagem do jornal sobre o concurso Miss Gay, realizado durante a ditadura em Juiz de Fora, Minas Gerais. De acordo com Rubio, os homossexuais que se vestiram de mulher no evento receberam destaque na matéria por não serem transexuais. “Um membro desse grupo de editores, ao narrar o evento na reportagem, disse que todos os homossexuais estavam felizes e alegres porque, terminado o evento, satisfatoriamente iriam tirar a roupa de mulher e viveriam a vida feliz. Não seriam iguais à travesti, que, segundo o editor, vive frustrada e infeliz por ter que tomar hormônios ou colocar silicone para ter aparência de mulher”, aponta o pesquisador.

Discurso padronizador
No estudo, Nathan também analisou um texto publicado em resposta a um leitor que acusou o jornal de manter um posicionamento excludente com homossexuais afeminados. Escrito pelo ativista João Antônio Mascarenhas, o parecer do jornal culpou os “sujeitos pintosos” de agressivos e ainda determinou que, para o jornal, “a efeminação é evidentemente artificial”. Veja trecho da carta:

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O uso de agrotóxicos domina a produção de alimentos

A gigantesca demanda mundial por produtos agrários leva produtores a se utilizarem de artifícios que podem apresentar riscos à saúde e ao meio ambiente, como o abuso de sementes transgênicas e agrotóxicos.

Sandro Schutt Jr

Uma maneira popular para atender à demanda de bens agrários é acelerar o ritmo de produção com o uso de fertilizantes e herbicidas que fornecem ao solo minerais essenciais para o crescimento das plantas e eliminam ervas daninhas, doenças e pragas. O Brasil é o principal produtor de soja no mundo, responsável por 30% da produção mundial. Também é o maior consumidor de herbicidas e fertilizantes, somando 20% da demanda mundial de um herbicida em particular – o glifosato Roundup, da empresa norte-americana Monsanto.

O glifosato, conhecido no país como Mata-Mato, é um herbicida sistêmico de ação não seletiva (mata qualquer planta, prejudicial ou não) que atua na erradicação de agentes danosos, responsáveis por competir pelos nutrientes do solo e do ar (fósforo, potássio, nitrogênio) com plantas comercializáveis. Seu uso faz com que as plantas (devido à ausência de ervas daninhas) absorvam mais nutrientes do solo, se desenvolvam mais rápido e cheguem mais cedo aos mais variados mercados de todo o planeta.

Devido à baixa toxicidade do glifosato, não existem normas rigorosas na legislação brasileira que controlem de maneira eficaz o uso dessa substância. Mas o uso indiscriminado do glifosato faz com que as plantas se desenvolvam com suas funcionalidades orgânicas alteradas, assim como desenvolvam certo grau de toxicidade (0.90 mg/kg de grãos no caso da soja).

Em julho de 2014,  cientistas de todo o mundo reuniram-se na China para o Food Safety Sustainable Agriculture Forum 2014 (Fórum de Segurança de Alimentos e Agricultura Sustentável 2014), em Beijing, para discutir com autoridades e acadêmicos chineses os perigos das sementes transgênicas e o uso inadequado de agrotóxicos. As concessões para uso massivo da aplicação de soja transgênica carregada de glifosato no mercado chinês foi posta em debate ao se verificar os índices de saúde no país nas últimas décadas.

Necessidade e responsabilidade

Os danos ambientais e humanos causados por conta de produtos do setor agrário não se devem somente aos agrotóxicos. O fator “homem” sempre deve ser levado em conta nessa área. Para que um produto químico possa ser comercializado, precisa passar por uma rigorosa bateria de exames e experimentos impostos pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Segurança Sanitária (Anvisa). Esses testes visam determinar o nível de impacto negativo e positivo que o produto oferece. Caso se apresente eficiente em termos de produção, mas, seja muito danoso ao meio ambiente, não receberá o selo de segurança, assim como não contará nos registros governamentais como “produto legal”.

Quando um agrotóxico não atende às necessidades do produtor o mesmo pode recorrer a produtos ilegais, trazidos por meio de contrabando de países como Argentina e Paraguai, ou até mesmo usando dosagens maiores de produtos legalizados para conseguir um melhor efeito em sua safra.

Segundo o professor Aroldo Ferreira Lopes, do Departamento de Fitotecnia do Instituto de Agronomia da UFRRJ e ex-funcionário da Monsanto, a culpa é injustamente atribuída aos agrotóxicos por todos os danos causados. Reconhece que os compostos químicos apresentam certo nível de risco para o meio ambiente e para a saúde, mas defende que o uso inadequado e a falta de informação são os maiores vilões.  “Todo ano o Ministério da Saúde faz um levantamento chamado Programa de Análise em Resíduos em Alimentos. Se olharmos esse relatório da Anvisa, vemos que a maioria dos alimentos possui resíduos de agrotóxicos. Em muitos casos esses vestígios químicos encontrados em alimentos são de agrotóxicos não aprovados para cultura, o que é ainda mais grave, pois gera um problema ainda maior para a alimentação. Isso se dá porque o produtor pode não ter alternativas para o uso daquele produto ou por falta de informação, de saber que aquele produto que ele vem utilizando é ilegal. Hoje em dia temos tomate, pimentão, cebola, pepino, alface, soja, milho, etc., com problemas de resíduo de agrotóxicos que em muitos casos não são registrados para essas culturas”, informa o professor.

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Rural sem Fronteiras

O Ciência sem Fronteiras é oportunidade para ampliar conhecimento e cultura

Gustavo Carvalho

Válber Laux em TU,Dortmund ()/Arquivo pessoal

Válber Laux, em Technische Universität Dortmund /Arquivo pessoal

Em dezembro de 2011, o Ministério da Educação (MEC) divulgou o  Ciência sem Fronteiras (CsF), programa que oferece bolsas de estudos em universidades e centros de pesquisa do mundo com o objetivo de promover a expansão e internacionalização da ciência e da tecnologia brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) aderiu à proposta do MEC e vem colhendo frutos de sua implantação entre os estudantes de graduação da Rural.

Os destinos são os mais variados e, desde o início, cerca de 400 alunos da Universidade conseguiram a bolsa para estudar no exterior. No primeiro ano, apenas oito graduandos ingressaram no programa, um vago esboço do que viria a ser no futuro. A partir de 2012, houve uma guinada na repercussão e integração do projeto na instituição, pois foram 97 alunos beneficiados. No ano seguinte, 144. Em novembro de 2014, 170 ruralinos estavam fora do país.

Um novo mundo de oportunidades, experiência e aprendizagem se abre ao conviver e lidar com outras culturas. O estudante tende a viver diferente e associar o que se conquista lá fora com o que tem aqui, alargando seu pensamento e visão, tanto pessoal quanto profissionalmente.

A professora de Licenciatura em Letras, do Departamento de Letras e Comunicação, da UFRRJ, e vice-diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), Maria do Rosário Roxo, é otimista ao analisar a oportunidade dada aos alunos de graduação e as mudanças que o ele passa com essa experiência: “É um avanço que não se vê por inteiro no presente, mas sim a longo prazo. Eu acredito numa mudança que vem de dentro para fora, de um espaço ou de um grupo pequeno para um maior. Acho que, a curto prazo, é mais perceptível quando o aluno volta. Há algo de diferente nele, e as pessoas vislumbram isso. A maioria passa a pensa em fazer mestrado ou viver no exterior. Hoje, até a maneira de lidar com as coisas da vida, aqui, já mudou. Quero dizer, ele se situa no mundo, tem uma vivacidade diferente.”

A expectativa quanto aos resultados do Ciência sem Fronteira é grande. Tanto os contemplados, quanto os professores e os gestores procuram formar um canal em que a mensagem é voltada para a melhoria da sociedade e de si mesmos.

O estudante Valber Laux, do 7º período de Ciências da Computação está em Dortmund, cidade ao norte da Alemanha até março de 2015. Segundo ele, é uma experiência completamente diferente, pois viver em outro país muda a visão de turista, que fica algumas semanas, conhece os pontos turísticos do lugar e vai embora. Para escolher a universidade de destino e montar o programa de estudos, ele argumenta que os critérios devem ir além de pensar em viver em uma cidade grande ou de estudar em uma universidade bem colocada em rankings educacionais. “Sem dúvidas uma instituição bem reconhecida e uma cidade que tem bastante a oferecer são importantes, mas ter apoio da instituição, assim como se sentir bem, são fundamentais. Enquanto fazia minha escolha, conversei com pessoas de várias partes da Alemanha e apenas depois de me informar sobre os programas oferecidos para alunos internacionais, estrutura da universidade, organização do curso e oferta de disciplinas, me decidi”.

Jessíca Mazza, em Florença/Arquivo Pessoal

Jessíca Mazza, em Florença/Arquivo Pessoal

O intercâmbio foi um desafio do início ao fim para Jéssica Mazza, estudante do 8º período de Jornalismo da Universidade Rural, que participou do CsF no ano de 2012. Primeiro, ela não poderia entrar no programa devido à área do seu curso. Segundo, não tinha experiência sobre como lidar com as escolhas e o idioma falado em Florença, na Itália, onde escolheu estudar. Depois de superado os obstáculos, a estudante conta que estudou bastante, fez amizade com pessoas de toda parte do mundo e aprendeu um pouco com cada um deles, e que a experiência foi importante para a futura jornalista. “Nessa profissão, precisamos saber de tudo um pouco e quanto mais conhecimento, melhor. Sem contar que quanto mais você estuda, lê, conhece e aprende mais você aprimora seu olhar crítico”, reflete Mazza.

Ambos os alunos são irredutíveis ao dizerem que tudo depende apenas de você, do seu esforço, seu foco, sua frequência e sua prática em exercitar o que se aprende.

Reforçando o que foi dito pela professora Maria do Rosário, Valber Laux conta como a viagem vem expandindo seus horizontes: “Conviver com outras culturas abre a mente, faz enxergar o mundo de outra forma, a respeitar as diferenças. Só isso já te faz um profissional melhor, criativo, mais preparado para as adversidades, mas também mais humano. Ao mesmo tempo, estar em uma universidade de qualidade, com pesquisas de ponta e bons professores é algo que sem dúvidas contribui para a sua carreira”.

Questões técnicas do programa – Segundo o Coordenador de Mobilidade Acadêmica da UFRRJ, Márcio de Morais Lopes, até hoje o único problema relatado é quando o estudante retorna e precisa fazer equivalência entre as disciplinas cursadas no exterior e as do curso de origem. “O certo da mobilidade é o aluno ir com a autorização das equivalências referentes às disciplinas que seriam feitas na Universidade, para poderem ser reaproveitadas. Muitos estudantes foram sem fazer isso previamente e só as escolheram quando estavam na instituição de lá, o que dificultou para que conseguissem essa equiparação. Por essa razão, eles tiveram que fazer a matéria aqui depois, porque muitos foram para destinos que não tinham nada a ver com o conteúdo programático do curso de origem”, alerta Lopes.

O aluno que estiver interessado em participar do CsF deve ler o edital, fornecido nas chamadas financiadas com recursos da CAPES, do CNPq e de empresas parceiras. Atendendo aos requisitos existentes, pode se inscrever. Caso obtenha êxito, a Pró-reitoria de Graduação (Prograd) o homologa e este estudante passa para a próxima etapa do processo seletivo. Nela, ele será analisado pela coordenação do programa, porém, em âmbito nacional.

Para saber mais do projeto na Rural, clique em: Programas de Mobilidade/UFRRJ

A sala de aula abre as portas para o videogame

O uso de jogos eletrônicos na educação pode ser uma estratégia de ensino para as novas gerações

Rafaela Arraes

O videogame, lazer comum entre crianças e adultos, ainda é visto por muitos como vilão da escola. Mas a verdade é que ele pode ser um bom aliado na aprendizagem. Há diversas pesquisas que comprovam o poder que estes jogos têm de superar o limite da diversão e mudar a maneira das pessoas se relacionarem com o conhecimento.

Na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o estudante do curso de Licenciatura em Geografia Phelipe Gonçalves pesquisa a inclusão de videogames como recurso didático. “É importante porque aproxima o aluno a algo que ele gosta, para que ele possa ver que aquilo que ele simplesmente está ‘jogando’ tem muitos significados”, explica o graduando.

Utilizar jogos em geral nas salas de aula pode ser uma iniciativa para aluno e professor interagirem melhor. “A aula fica mais dinâmica, e isso favorece a aprendizagem, por trabalhar conteúdos específicos, reforçar o trabalho em equipe e estimular a criatividade”, aponta a psicóloga Fátima Caseiro. Hoje há diversos jogos educativos no mercado, que tem por principal objetivo ensinar brincando e ativar o interesse em descobrir coisas novas.

Os jogos eletrônicos, no caso, incentivam o prazer em vencer desafios, “passar de fase” e enfrentar o problema final. Como entretenimento, os obstáculos não parecem tão difíceis de serem alcançados. A história é dividida em partes, e a dificuldade aumenta de forma progressiva. Assim, a criança tem a capacidade de passar por cada etapa com esforço adequado à sua destreza, o que diminui a vontade de desistir.

Além disso, o próprio raciocínio lógico é impulsionado. O jogador precisa ter uma estratégia clara e pensar muito no momento em que realizar uma ação, pois assim como na vida real, consequências ruins podem aparecer. Isso é o que se chama de frustração prazerosa: a pessoa que joga aprende com seus erros e assim evita que eles aconteçam novamente.

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A psicologia no tratamento do câncer em mulheres

O trabalho do psicólogo é essencial para enfrentar as etapas do processo de diagnóstico e tratamento da doença

Tayná Bandeira

O dia 04 de fevereiro é considerado o Dia Mundial de Combate ao Câncer.  É um dia especial para chamar atenção sobre a incidência, a prevenção e o tratamento de todos os tipos da doença. Também a cada ano, no mês de outubro dedicam-se esforços à difusão de informação específica sobre o câncer de mama. Outubro se tornou emblema da luta e prevenção contra o câncer de mama em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial da saúde (OMS), a doença é a maior causa de mortes entre as mulheres e fica em quinto lugar quando mencionado em dados gerais.

O Outubro Rosa é um importante movimento de divulgação de informações sobre a doença. Desde 2002, monumentos e instituições públicas são iluminadas com a cor rosa como maneira de chamar a atenção das pessoas e visar à informação e prevenção contra o câncer. Ao iluminar os edifícios de rosa, uma linguagem visual é formada e compreendida em todos os lugares, por todos os cidadãos.

A mulher pode fazer o autoexame em casa, mas não substitui o exame feito pelo médico. Para uma análise mais concisa, o médico precisa ver a mamografia (radiografia das mamas). Caso seja detectado algum nódulo suspeito, o especialista pedirá outros procedimentos clínicos. Quando o exame dá positivo, se inicia o tratamento. Se diagnosticado precocemente, as chances de cura são mais de 80%.

Além dos cuidados oncológicos específicos, é importante também lembrar do acompanhamento psicológico do paciente. A professora do Departamento de Psicologia da UFRRJ Luna Rodrigues explicou sobre a responsabilidade do médico a cada etapa, desde a descoberta até a cura. “É fundamental que o paciente tenha acesso às informações daquilo que ele está vivenciando. A forma como o diagnóstico vai ser dado fará muita diferença na maneira como a mulher vai interpretar o que está acontecendo com ela. O médico precisa dar um espaço para a reação dessa mulher.”, disse a professora. Nesse contexto, a participação de um psicólogo é essencial. “O acompanhamento de um psicólogo especializado em saúde é muito importante nesse processo de recuperação. A psicologia prioriza a escuta do paciente, mesmo em contextos que ocorram tratamentos muito específicos, como a quimioterapia”, explicou Luna Rodrigues.  Como muitas vezes as mulheres se sentem afetadas também em relação à aparência e à identidade feminina, a professora diz que  “Um processo terapêutico é importante para que essa mulher elabore o que aconteceu com ela e possa falar sobre essas questões. Existem psicólogos que trabalham com o contexto hospitalar e existe uma área que é a psicooncologia, que é dedicada a esse tipo de especialidade”, comentou.

A professora Luna Rodrigues diz que é possível e muito importante para o tratamento do câncer um diálogo entre paciente e especialista. “Um passo fundamental do nosso trabalho é que antes de tentar dar qualquer tipo de solução é necessário reconhecer o sofrimento do outro. Porque não é uma experiência fácil, mas também não é incompatível com a vida.”

Celeste Conceição de Carvalho descobriu a doença aos 56 anos, em 2010. O câncer foi diagnosticado precocemente, fez o tratamento adequado e hoje está curada. “Quando descobri que tinha câncer fiquei bem chocada, mas reagi bem. O médico disse pra mim que eu precisava me cuidar, que ficaria curada e me deixou a vontade, foi realista”, disse. “Quando vi que venci o câncer me senti aliviada. Estou sempre me cuidando, faço o acompanhamento médico com mamografia e ultrassonografia das mamas .”
Ela venceu o câncer e manda um recado para as mulheres que estão passando por esse processo tão complexo: “O conselho que daria para as mulheres que descobrirem o câncer é de tentar não ficar triste. Hoje em dia, os avanços da medicina estão a nosso favor.”

É indispensável ir ao médico regularmente e fazer exames de rotina para se cuidar.  Outubro é o mês oficial do combate ao câncer, mas a prevenção contra a doença deve acontecer o ano inteiro. Para informações sobre o câncer de mama e outros tipos de câncer, procure canais como o Instituto Nacional do Câncer e Fundação do Câncer.

“Chá de Galinha Pintadinha” serve para acalmar e educar crianças?

Psicopedagoga analisa pontos negativos e positivos no uso de audiovisuais na infância

Adrian Busch

Há anos, discute-se sobre a influência, os benefícios e os malefícios da televisão para as crianças. Conforme os aumentos do público, os programas infantis foram se desenvolvendo e tornando-se cada vez mais educativos, introduzindo o alfabeto, os números, as cores e instigando um melhor relacionamento social, mas na mesma medida, o acesso a essa ferramenta para entreter os pequenos e mantê-los comportados pode tornar-se um fator negativo para integração e o psicológico dos pequenos.

Cristiane Barbalho, 33, mãe da Valentina de 2 anos, concorda com o valor educacional da programação infantil. “Algumas músicas da Galinha Pintadinha fazem referência ao alfabeto, aos números, e a ajudaram muito a contar até 10 e a identificar as cores, mas ela recebe outros estímulos pra isso, acredito que a música sozinha não a ensinaria.” A mamãe diz que percebe que a filha também entende as mensagens passadas pelas historinhas do cotidiano. “As vezes faço referencia ao desenho e percebo que ela para e reflete. Por exemplo, quando ela não quer tomar banho, digo a ela que a
Peppa toma banho, aí ela aceita.”

Esse caso, ilustra o aspecto positivo dos audiovisuais na fase de formação. A Psicopedaga Ana Paula Miranda afirma que não há problemas em fazer esse tipo de comparação “A criança gosta daquele mundo do desenho, é importante ressaltar os aspectos positivos retratados para que se espelhem.” Ela aponta também que pode ser uma ferramenta para implementar uma alimentação saudável, dentre outras coisas. Entretanto, é imprescindível que os pais saibam que tipo de programação seus filhos estão tendo acesso, pois da mesma forma que são influenciados a fazerem coisas boas, o contrário também pode ocorrer.

Em fevereiro deste ano, a Galinha Pintadinha bateu a marca de 1 bilhão de visualizações no Youtube, onde os acessos dois vídeos mais visitados estavam na média de 1milhão e meio. Não é difícil saber o porquê de tanto sucesso. É notório o descontrole no uso indiscriminado desses artifícios para distrair os pequenos, ainda mais em uma época que os programas não precisam da TV para serem assistidos.Ana Paula Miranda contou que está atendendo mais de um caso de crianças a cima dos 3 anos que não conseguem se relacionar, falar ou brincar, pois não foram estimulados a outra atividade se não a de telespectador. Apesar do cunho educativo, alguns responsáveis utilizam o recurso como forma de “calmante” para os filhos, e acabam deixando-os reclusos da sociedade. O próprio site comemorou o número com a seguinte frase “Parabéns, Galinha Pintadinha, por deixar as crianças quietinhas 1 bilhão de vezes!”. Essa colocação reavivou o debate sobre a real função dos programas infantis.

Os celulares e tablets transformaram essa diversão em algo móvel e acessível. É comum vermos na rua crianças com o olhar fixado em seus aparelhos. Há no mercado tablets temáticos com a programação da Galinha Pintadinha, o que estimula a visualização continua. Os especialistas apontam que mais de duas horas em frente à tela podem causar diminuição na capacidade de atenção e seu uso ilimitado restringe a pessoa de ações importantes principalmente na fase de formação.

A psicopedagoga não descarta o meio, e acredita que pode ser usado como estimulo positivo, desde que usado com monitoramento de adultos, tempo estipulado e aliado à outras atividades, principalmente que a coloquem em convivência com personagens da vida real.

ONU estima que lixo produzido no mundo será 70% maior em 2030

Segundo o Pnuma, a consequência da gestão incorreta dos resíduos pode causar grandes danos à população

João Pedro Araújo Nunes

Lixao avanca sobre manguezais_ em Sao Goncalo/Foto_Mario Moscatelli

Lixão avança sobre manguezais em São Gonçalo/Foto: Mario Moscatelli

O lixo mundial deve ter um aumento de 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões de toneladas até o ano de 2025, segundo as estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Para os especialistas da entidade, a gestão dos resíduos e o descarte correto de materiais se torna cada dia mais imprescindível para que o mundo caminhe para um desenvolvimento sustentável.

O principal problema, de acordo com informações do órgão, é preço do sistema de coleta e reaproveitamento de lixo. Ele é um dos serviços públicos mais caros em todo o mundo. No Brasil, boa parte do lixo produzido aqui termina em lugares inadequados. Nos últimos dez anos, a população do Brasil aumentou 9,65%. No mesmo período, o volume de lixo cresceu mais do que o dobro disso, 21%, conforme pesquisa divulgada pela coluna Sustentável do Jornal da Globo, em 2013. Isso significa mais consumo, gerando mais lixo, que nem sempre vai para o lugar certo. Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), apenas no ano passado, foram descartados 24 milhões de toneladas de resíduos em lugares inadequados. Isso seria suficiente para encher 168 estádios de futebol do tamanho do Maracanã. A Política Nacional de Resíduos Sólidos determina que os lixões devem ser erradicados e substituídos por aterros sanitários, até o fim desse ano.

A importância da coleta seletiva

O Brasil produz, atualmente, cerca de 228,4 mil toneladas de lixo por dia, segundo a última pesquisa de saneamento básico consolidada pelo IBGE, em 2000. O chamado lixo domiciliar equivale a pouco mais da metade desse volume, ou 125 mil toneladas diárias. Do total de resíduos descartados em residências e indústrias, apenas 4.300 toneladas, ou aproximadamente 3% do total, são destinadas à coleta seletiva. Ela possui um papel muito importante para a construção de um meio ambiente mais sustentável. Por meio delas, recuperam-se matérias-primas que de outro modo seriam tiradas da natureza. A ameaça de exaustão dos recursos naturais não-renováveis aumenta a necessidade de reaproveitamento dos materiais recicláveis, que são separados na coleta seletiva de lixo.

O biólogo e professor de gerenciamento de ecossistemas, Mario Moscatelli, explica o motivo pelo qual poucas pessoas separam o lixo reciclável em casa.“É um problema de natureza cultural bem como o processo de coleta de resíduos que no Rio de Janeiro mistura tudo nos compactadores de resíduos, portanto não há o hábito nem tão pouco políticas públicas que estimulem a separação”, afirmou.

“Infelizmente nossos gestores públicos e nossas lideranças políticas brasileiras do século XXI ainda vivem no século XVIII, e consequentemente tratanto os recursos naturais como de uma colônia de exploração onde o que interessa é faturar a qualquer preço”

Para o ambientalista, falta vontade política para transformar essa realidade. “Temos que entender que lixo é matéria prima e energia, que podem e devem ser reaproveitadas, em favor do ambiente, da sociedade (pela geração de empregos), mas infelizmente nossos gestores públicos e nossas lideranças políticas brasileiras do século XXI ainda vivem no século XVIII, e consequentemente tratando os recursos naturais como de uma colônia de exploração onde o que interessa é faturar a qualquer preço. Simplesmente não há vontade política nem tão pouco massa crítica da sociedade em exigir políticas consistentes na área de resíduos”, criticou Mario.

A Secretaria Estadual do Ambiente (SEA) lançou, em outubro desse ano, o Pacto da Reciclagem para estimular a redução e a reutilização de resíduos. O programa reúne diversos projetos direcionados ao reaproveitamento de resíduos sólidos no estado. Entre os objetivos da iniciativa, está o fortalecimento da cadeia de reciclagem e o tratamento adequado de lixo. A principal meta é que o índice da coleta seletiva, que atualmente está em aproximadamente 3%, chegue a 10% até o ano que vem.

Benefícios para o meio ambiente e para o bolso

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